domingo, 4 de setembro de 2011

A ECOPEDAGOGIA COMO RESULTADO DE UMA EDUCAÇÃO COOPERATIVA.


Janete Rosa da Fonseca – Faculdade UNINOVA – projetistadm@gmail.com[i]
Marisa Claudia Jacometo Durante – Faculdade LA SALLE – marisa@unilasallelucas.edu.br[ii]

EIXO TEMÁTICO: Educação, sociedade e práticas educativas.

RESUMO

Este artigo traz a reflexão sobre práticas pedagógicas que efetivamente levem para a sala de aula a discussão sobre propostas que permitam aos nossos alunos, acadêmicos das licenciaturas, neste caso especificamente de um curso de Pedagogia e nossos docentes, a conscientização de que o desenvolvimento da verdadeira Ecopedagogia vai além de conhecer problemas ambientais, mas sim de conhecer, esclarecer e atuar de forma a ensinar a importância de preservar. Através de discussões desenvolvidas sob a forma de tempestade de ideias em debates em sala, organizou-se uma proposta para ser colocado em prática no período de estágio dos acadêmicos do 4º ano de Pedagogia nos municípios de Lucas do Rio Verde e Nova Mutum no estado de Mato Grosso, junto às turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, envolvendo as famílias, a Escola e a sociedade.

Palavras-chave: Ecopedagogia. Sociedade. Conscientização.

ABSTRACT

This article presents a reflection on pedagogical practices that effectively lead to classroom discussion of proposals that enable our students, the academic degrees, in this case specifically a pedagogy course and our teachers, an awareness that the development of true Ecopedagogy goes beyond known environmental problems, but to know, clarify and act to teach the importance of preserving. Through discussions held in the form of storm ideas in class discussions, organized a proposal to be put into practice during the training of students of the 4th year of Education in the counties of Lucas do Rio Verde and Nova Mutum-state Mato Grosso, along the courses of the early years of elementary school. The proposal involved the families, school and society.

Key words: Ecopedagogia. Sociedade. Awareness.






INTRODUÇÃO

Trabalhar no dia a dia da prática docente, ou seja, na sala de aula, com a Ecopedagogia, conceito ainda em construção é um desafio aos próprios professores, pois enquanto profissionais os docentes são constituídos em outro contexto e, portanto é preciso quebrar o paradigma descomprometido com a sustentabilidade no qual muitos estão acostumados, ou seja, a proposta é sair da zona de conforto.
Uma gestão cooperativa relacionada com as questões ambientais vai muito além das discussões que estamos tentando propor no meio acadêmico. Outra questão que nos remete a reflexão diz respeito à dificuldade e a tendência que a grande maioria das pessoas tem em achar que os recursos da natureza são infinitos e, portanto não precisam se preocupar com eles, tão pouco com a intensidade do comprometimento que aqui estamos propondo. Em razão dessa complexidade é que há necessidade de se estabelecer processos educativos cooperativos que levem as pessoas a adquirirem conhecimentos e habilidades e desenvolverem atitudes para intervir de forma participativa nos processos que promoverão a qualidade ambiental.
Após uma reflexão sobre as concepções, práticas e costumes nocivos a promoção da vida, constata-se que os educadores devem acreditar na Escola enquanto ambiente local onde a criança, jovem e/ou adulto permanece boa parte de sua vida e tem uma grande parcela de contribuição na construção/reconstrução dos bons hábitos voltados a sustentabilidade do planeta.
Porém a Escola não deve responsabilizar-se sozinha por esta ação. É preciso que se desenvolva uma visão sistêmica desse processo para que o princípio pedagógico da Educação Cooperativa seja realmente alcançado. De forma que a escola terá que se articular com os demais órgãos públicos também responsáveis pela questão vital da preservação do meio ambiente e o consequente estabelecimento de uma Ecopedagogia. Ou seja, a perspectiva holística da promoção da vida precisa desse tipo de ação para ser alcançada. Uma vez estabelecidos estes vínculos propositivos, deve-se procurar obter o envolvimento, a comunicação e o compartilhamento de ações voltadas para conscientização dessa problemática. Conforme Freinet (2003), o princípio da cooperação exige a criação de um ambiente na sala de aula em que existam elementos mediadores na relação professor-aluno e que estas se traduzem em peculiaridades é aí então que a Escola se abre para a vida.
Por outro lado, a Escola deve responsabilizar-se por esta problematização, relacionando-a ao entusiasmo pela promoção da vida. Enfim, a pedagogia biófila é um desafio coletivo que deve ser trabalhado em co-responsabilidade. Ensinar a cuidar/zelar da vida, plano em que a Escola tem a maior facilidade para realizá-lo dado que o processo de formação dos educandos não acontece de forma abrupta e sim numa trajetória longa.
No que se refere a uma Educação Cooperativa, entende-se que ela é possível quando a Escola na figura de seus gestores adota desde a elaboração do Projeto Político Pedagógico, metas voltadas á implementação deste modelo de Educação que vai exigir do corpo docente da Instituição uma maior “integração” que vai se tornar possível através dos espaços de formação continuada, das trocas de informações e aprendizagens e da quebra do velho paradigma do individualismo, solidão pedagógica, nos quais muitos profissionais preferem mergulhar. Uma vez superada esta barreira o cooperativismo docente pode aumentar ou alcançar maior eficácia através do uso das TICs e da interação entre os profissionais dos diferentes períodos letivos proporcionando e/ou facilitando um espírito didático cooperativo na comunidade Escolar.
Quanto a conseguir através da Educação cooperativa implantar/desenvolver na Instituição uma Ecopedagogia, é outro desafio, pois exigirá disciplina e comprometimento no sentido de enfrentar os problemas relacionados com a ausência da temática nos currículos escolares. Muito embora tenhamos decretos, normativas e outras diretrizes legais a respeito da Educação Ambiental ainda enfrentarão no âmbito escolar o desafio de inseri-la enquanto objeto de estudo no rol dos conteúdos a serem estudados ao longo do ano letivo.
Resolvidos os problemas de adequação tanto do corpo docente quanto do currículo em relação ao tema proposto, é relevante que os docentes da Instituição Escola procurem priorizar os problemas ambientais mais proeminentes da ambiência de seus alunos, inserindo-os dentre os conteúdos a serem trabalhados pedagogicamente. Para isso são necessárias ações voltadas para desenvolver um conjunto de competências didáticas, assim como também pensar, adotar e/ou renovar ações didático/pedagógicas que promovam a efetiva participação dos educandos nesse processo de Educação Cooperativa. Leituras, produções de texto, reflexões em sala de aula, vídeos e filmes adequados e pertinentes as problemáticas propostas. Estudos de caso, levantamento de dados através da internet enfim, é necessário que o professor se supere e busque sentir, pensar e atuar de forma diferenciada na construção da Ecopedagogia na prática docente.

ALGUMAS REFLEXÕES TEÓRICAS

A prática docente também perpassa pelo bom relacionamento interpessoal, e uma boa interação professor aluno. Nesse sentido, há necessidade de se ter um ambiente cooperativo, aonde os alunos não sejam apenas reprodutores, mas também construtores do seu conhecimento. O ambiente cooperativo possui algumas características tais como o respeito mútuo, as atividades grupais que favoreçam a reciprocidade, a ausência de esquemas de punições e de decisões, o igual valor a todas as opiniões e aos diferentes argumentos.
Para Henderson (1996) (apud BROTTO, 2003) O desenvolvimento da Cooperação como um exercício de co-responsabilidade para o aprimoramento das relações humanas em todas as suas dimensões e nos mais diversificados contextos, deixou de ser apenas uma tendência, passou a ser uma necessidade e em muitos casos, já é um fato consumado.
O que caracteriza uma sala onde a relação é fruto de cooperação entre os membros do grupo é o fato dos problemas serem enfrentados, em conjunto, pelo grupo e pelo professor. Por isso ela não será nem silenciosa, nem passiva. Desse modo, nos ambientes educacionais se faz necessário fortalecer as práticas de convivência, incorporando-as ao cotidiano das crianças e adolescentes. Porém, quando falamos em grupo, precisamos considerar as palavras de Ortega e Del Rey (2002, p. 51) no sentido de entender o significado da palavra grupo:

Não se trata de dissolver o indivíduo num ente desconhecido, chamado grupo, mas de tomar consciência de que a vinculação ao grupo nos aporta à verdadeira dimensão social e ao único referencial real sobre nosso comportamento intelectual, afetivo e moral.

Sabemos que existem muitos obstáculos encontrados para a construção de uma aprendizagem significativa e prazerosa como concorrer e/ou controlar a interferência dos aspectos externos como a pouca motivação, a baixa auto-estima e ainda a falta do conjunto das competências didáticas do profissional, metodologias, estratégias, planejamento e adequação. E dentro dessa perspectiva precisamos enfrentar estas dificuldades, através de reflexões, diálogo, onde os professores possam inseri-los no processo em questão. Como nos diz Alarcão (1998, p. 76), “na aprendizagem cooperativa permite-se o confronto de pensamento entre pares e pequenos grupos. O contexto social da aprendizagem tem muita influência no desenvolvimento de determinadas atitudes”. Isso nos remete a pensar na perspectiva de um processo de aprendizagem que permite uma mudança em questões culturais que estão arraigadas em nosso convívio social.    Temos ainda que abordar o paradoxo da necessidade da Educação dos Educadores, isso significa reaprender a aprender e certamente aprender é bem mais fácil que reaprender algo, pois significa reeducar a si próprio, sentir a necessidade do problema e a partir de sua reeducação ajudar outros em seu processo de reorganizar pensamentos e ações referentes a uma Ecopedagogia de fato.
Conforme Quintas e Oliveira (apud BERTÉ, 2007), no processo de transformação do meio ambiente, de sua construção e reconstrução pela ação coletiva dos seres humanos são criados e recriados modos de relacionamento da sociedade com o meio natural (homem-natureza), dessa forma e de acordo com a abordagem do autor devemos nos questionar sobre nosso verdadeiro relacionamento com a natureza. Em nossa atuação como educadores devemos nos utilizar da interdisciplinaridade, da transdisciplinaridade, da pluri e da multidisciplinaridade para trabalhar as questões referentes à educação ambiental no espaço de sala de aula mas, e nós educadores? Praticamos realmente a Ecopedagogia ou a Pedagogia Biófila? Quantos de nós educadores caminhamos quadras e quadras a procura de uma lixeira para depositar um papel de bala, um palito de picolé, uma latinha de refrigerante, ao invés de jogarmos na rua? Ainda podemos nos reportar a partir da reflexão provocada acima ao que nos diz Berté (2007, p. 23-24):

Ao se relacionar com a natureza e com outros homens, o ser humano produz cultura evidenciada por suas manifestações, ou seja, cria valores, modos de fazer, de pensar, de perceber o mundo, de interagir com a própria natureza e com os outros seres humanos, que constituem o patrimônio cultural construído pela humanidade ao longo de sua história.

Isso nos mostra que depende imensamente das nossas práticas no meio social para que possamos produzir mudanças. Nossa sociedade possui valores de conduta moral e social que interferem diretamente nos valores de preservação e conservação, o que muitas vezes impede à instalação de uma Pedagogia Biófila, a pedagogia para a preservação da vida. Existem muitos conflitos sociais presentes em nossa estrutura educativa, estes conflitos que são em sua maioria gerada a partir de interesses individuais acabam por vir a tornarem-se coletivos. A proposta discutida aqui é desenvolver uma interação cujo princípio maior seja a cooperação entre os diferentes atores sociais que podem (e devem) com ações conscientes reduzir os impactos sociais já existentes.
A Educação cooperativa é o caminho para um meio ambiente equilibrado, evitando assim os riscos à qualidade de vida da nossa população. Terena (apud MORIN, 2000 p. 22), nos diz, “nossos velhos dizem: tudo o que fazemos estamos construindo alguma coisa, até mesmo para as pessoas que não nasceram. Tudo o que construímos hoje vai recair sobre os seres humanos futuros”. Como citado anteriormente, se faz necessário e urgente um repensar de nossas ações como educadores, um ressignificar de aprendizagens para que tenhamos uma Educação realmente voltada para o estabelecimento de uma Ecologia Integral fundamentada em uma proposta cooperativa que envolve e responsabiliza todos os sujeitos que tornar-se-ão protagonistas da mudança de relacionamento entre homem, natureza e sociedade.
Conforme Ausubel apud Bock(1999), a aprendizagem consiste em disposições internas (de quem ensina e de quem aprende) e materiais potencialmente significativos. Assim, o que pode haver de mais significativo do que respeitar o meio em que vivemos? Podemos ainda fazer referência a Rogers (2004), quando nos diz que o organismo humano sabe o que é melhor para ele, porém existe o conflito entre o indivíduo e o que a sociedade exige dele, ao ser pressionado a corresponder a expectativas sociais as pessoas desenvolvem mecanismos que os limitam a encontrar relações harmoniosas entre natureza e sujeito. Assmann (1998, p. 51), aborda que “falamos de um encontro que apenas começa a ocorrer e que se reveste de urgência devido ao papel importante para pedagogia de certos conceitos deriváveis das biociências atuais como o de auto-organização e outros”.
Sobre as práticas pedagógicas necessárias para que este conhecimento tenha espaço, nos reportamos a Morin (2000, p. 28).

[...] os princípios do conhecimento desenvolvidos pela ciência até o final da primeira metade do  nosso século, era um princípio de separação homem natureza. A idéia era a de que , para o conhecimento do homem deveríamos rechaçar, eliminar tudo o que fosse natural, como se nós, o nosso corpo e organismo fossem artificiais, ou seja, separação total.

Dessa forma podemos realmente acreditar que uma mudança na Educação se faz verdadeiramente necessária.
No entanto, faz-se necessária a participação da família para que se possa estabelecer e construir uma educação significativa. Segundo Gadotti (2000), a Ecopedagogia só tem sentido como projeto alternativo global onde a preocupação não está apenas na preservação da natureza (Ecologia Natural) ou no impacto das sociedades humanas sobre os ambientes naturais (Ecologia Social), mas num novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista Ecológico (Ecologia Integral) que implica numa mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais.
A proposta da discussão sobre a Ecopedagogia não envolve somente meios de preservação e sustentabilidade, é necessário que coloquemos em prática, ou seja, que levemos nossos alunos a observar com outros olhos o que está acontecendo com a vida do nosso planeta, que vejamos a terra como nossa mãe, um organismo vivo em constante evolução e que devemos cuidá-la e conserva-la da maneira como a recebemos, para que as próximas gerações possam recebê-la exuberante e plena. Sabe-se hoje que um dos muitos problemas relativos a nosso meio ambiente está atrelado as questões que envolvem o destino do lixo que produzimos e que este representa um grave problema na sociedade, por poluir o ambiente. É muito importante então que se conheçam os malefícios que o lixo pode causar, relacionando assim através de uma educação ecopedagogica para que nossos alunos tenham uma visão mais crítica desse problema, que está presente em seu cotidiano e que muitas vezes passa despercebida pelos mesmos. Ressalta-se também a importância de aulas contextualizadas para obter um melhor aprendizado. Observando nosso ambiente escolar percebemos a necessidade de desenvolvermos aulas e atividades direcionadas para comunidade escolar, sobre o destino do lixo, em especial o papel, que é jogado na sala e no pátio da escola. Devemos pensar em alternativas para desenvolvermos atitudes que venham ao encontro com as reais necessidades da comunidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Toda esta discussão foi promovida junto aos acadêmicos do Curso de Pedagogia da Fundação de Ensino Superior de Nova Mutum, nas turmas dos municípios de Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, localizados no norte do Estado de Mato Grosso. A proposta baseou-se em levar esta discussão para o centro de uma tempestade de ideias que visassem o desenvolvimento de estratégias para que os acadêmicos colocassem em prática junto às Escolas onde realizam seus estágios nos anos iniciais do Ensino Fundamental. No intuito de promover no aluno hábitos ecológicos relacionados ao uso e destino do lixo, neste contexto o aprendizado deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos de reciclagem e reutilização, quanto suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. Fornecendo conhecimentos relevantes ao assunto, sempre fazendo relação com o cotidiano dos alunos, para que os mesmos possam criar uma ideia critica com embasamento científico sobre esse grave problema social.
Dessa forma, os acadêmicos propuseram aos alunos uma atividade, onde foi realizada a coleta dentro da sala de aula, a princípio apenas de papel, por um período de uma semana, sendo ao final dessa atividade feita uma pesagem para analisar a quantidade de papel que poderia ser reciclado e que está sendo normalmente jogado fora. Através desses dados mostrou-se aos alunos o desperdício de um material que poderia ser reutilizado.
Portanto, esta atividade levou alunos, acadêmicos estagiários e demais envolvidos na Escola a conscientizarem-se que se pode armazenar o lixo (papel) recolhido na escola com o propósito de efetuar uma reciclagem onde toda a comunidade escolar poderá participar da produção de material, como objetos artísticos e utilitários (cestas, porta retratos, cartões, porta trecos, embalagens para presentes), que o aluno possa levar para casa e utilizar na sua vida cotidiana. Inclusive mostrando que essa atividade pode ser rentável a toda a sua família, e desenvolvida na sua própria residência a um custo reduzido. Diante disso, organizou-se ainda o planejamento de aulas contextualizadas sobre a questão do desmatamento ocorrido para a produção do papel que sensibilizaram nossos alunos para a questão ecológica sobre: Retornar, Reutilizar, Reciclar, Reduzir.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante estudos realizados, no âmbito da Ecopedagogia e da necessidade de uma Educação Cooperativa para o estabelecimento dessa Ecopedagogia  espera-se desenvolver um trabalho junto aos educadores, alunos e sua família que promovam a consciência da importância da preservação do meio ambiente.
O futuro não é inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria história, constrói seus próprios caminhos.
Apesar de não conseguirmos perceber alguns fenômenos, eles estão acontecendo e modificando a paisagem, o que observamos representa apenas um momento dentro do longo e contínuo processo de transformação pelo qual passa o nosso planeta, em uma escala de tempo de milhões e milhões de anos. Estas transformações são atitudes do homem na sua relação com o Meio Ambiente onde tem variado através do tempo entre regiões e culturas, assim trazendo novos desafios para tratar a questão do Meio Ambiente em nosso fazer pedagógico como uma reflexão sobre o que fazer nas suas várias dimensões do processo ensino e aprendizagem.
A concentração humana e as atividades a ela relacionadas vêm provocando alterações nos ambientes naturais, onde esses recursos têm sido alvo de uma intensa utilização o que tem provocado vários impactos negativos ao meio ambiente local. Uma pedagogia que possa promover a vida deve partir da sensibilidade de cada um, para que aconteça o envolvimento na prática. Poderíamos então promover a ecologia integral, onde causaria mudanças significativas nas estruturas econômicas, sociais e culturais.
Após os estudos realizados sobre os Princípios da Ecopedagogia ou de uma Pedagogia da Terra, segundo Gadotti (2000), o principio escolhido pelo grupo de educadores aprendentes foi o caminhar com sentido (vida cotidiana), fazendo com que nós pensássemos em elaborar projetos que sensibilizem e façam com que as crianças se motivem a colocar em prática todo o conhecimento científico construído no processo de ensino e aprendizagem.
Porém, entendemos a necessidade de usufruir dos recursos naturais, sem causar impactos, uma vez que se faz necessário para a sobrevivência do ser humano. Sabemos que é preciso retirar as árvores que tenham completado o seu ciclo de vida, para que outras plantas jovens e da mesma espécie tenham o espaço para crescer.
Outra questão é a preservação das matas ciliares e das nascentes evitando o assoreamento do leito dos rios. Como também podemos citar o reaproveitamento de lixo, como papéis, tanto para o processo de reciclagem como para a confecção de obras artísticas em sala de aula. 
Escolhemos esse princípio norteador, porque o caminhar com sentido nos direciona a ter ações corretas em relação ao desenvolvimento sustentável, para que possamos melhorar o dia-a-dia do nosso fazer pedagógico em prol da melhoria de vida da humanidade e do Planeta.  
A natureza, bem como a sociedade, constitui em sua totalidade a inter-relação dos seres vivos sob aspecto antológico, como incompletos, como seres de necessidades e como mortais/finito, necessitamos da inter-relação dos seres.
A ciência moderna (antropocêntrica) coloca o homem como o centro de tudo no universo, dotando de arrogância como ser superior. Essa concepção levou os seres humanos, historicamente constituídos e organizados, a desenvolverem conhecimentos tecnocientíficos em direção a um tipo de progresso desenfreado e de sentidos específicos, quantitativo, material, voltados para o mercado e que, para tanto, reduz a natureza a mera coadjuvante. 
De entidade, de uma forma de vida particular, a terra é convertida apenas em fonte de recursos naturais a serviço das necessidades dos humanos. Em outras palavras, de ser vivo a Terra Mãe/Pátria traz nas entranhas, para esse tipo de progresso, elementos e outras vidas convertidos em mercadorias no mercado interno e globalizado.
Colhemos, no início do século XXI, os frutos da perversidade, da crueldade do mundo e dos humanos. O terceiro milênio, mais do que as últimas décadas, chama por uma mudança de perspectiva. Essa seria uma das possíveis emergências do pensar ecológico que destaca-se com o objetivo de alcançar o conhecimento nas conexões existentes nos ecossistemas que articulam e estão articulados nos/com os homens.
Compreender essa diversidade exige um pensamento que supere os reducionismos da ciência clássica na produção do conhecimento sobre a natureza e sobre as relações que dela emergem. À medida que conhecemos as relações entre seres, cujas regras e categorias não são dadas, mas se estabelecem na produção das relações. Reconhecer neste contexto o que causamos ao meio ambiente nos propicia uma relação próxima com a natureza, o que nos faz entender como ela reage às agressões sofridas ao longo dos séculos.
É no cotidiano que presenciamos as pequenas ações que possam beneficiar a natureza, e dessa forma podemos colocar em prática os conhecimentos adquiridos que nos enriquecem a cada encontro, permitindo a comunicação entre os indivíduos e a ação no mundo, pois é no lugar onde vivemos e em suas particularidades que buscamos a harmonia e o equilíbrio entre o homem e natureza.
O processo de ensinar passa primeiramente pelo nosso aprender, para que depois possamos colocar em ação os ensinamentos que outrora aprendemos. Dessa forma levando em consideração as nossas próprias ações, colocamos muitas vezes o planeta e o ecossistema em risco, sendo que muitas vezes poderíamos evitar com simples ações como: jogar o lixo em lugar adequado, entre outras, saber que tudo que fazemos contra a natureza ela devolve de forma drástica e avassaladora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, o trabalho desenvolvido serve de mediação entre um processo fundamental para a superação de uma visão parcial do que seja a preservação, colocando assim nosso olhar crítico a fim de promover uma ação estratégica de intervenção na dimensão local e global das relações de forças entre o homem e a natureza, o que implicam em passar a ter uma relação harmônica de respeito com esta e com o que ela nos propicia.
Percebemos que a exploração irrefreada da natureza, tendo em vista a produção em escalas incomensuráveis de bens de consumo, é também expressão da hegemonia do princípio ordenador competitivo. A vida coletiva, inspirada nos princípios democráticos, fundamenta-se no reconhecimento recíproco e na confiança mútua, elementos que se constituem como fatores da regulação e da direção social dos interesses comuns. A cooperação, entre os membros de um agrupamento e entre os grupos sociais, implica em mudança de hábitos cotidianos, com ênfase na maior participação dos indivíduos tendo em vista a construção de relações sociais equânimes e solidárias
Dessa forma, a construção de estratégias as quais nos propomos formular irá permitir que o homem busque o que deseja e possa a partir das forças de que dispõe estabelecer um novo pensar e assim instituir uma nova relação com o meio ambiente, dentro de uma política sócio-ambiental que vise um desenvolvimento sustentável e que promova a afinidade do homem com a natureza revertendo o processo de degradação hoje vivenciado por nossa sociedade. A partir de um processo de sensibilização e socialização do conhecimento é que podemos buscar um futuro melhor para nosso planeta e consequentemente uma melhor qualidade de vida aos seres que nela se encontram. Nesse contexto será privilegiada a concepção das relações da sociedade com a natureza para a subsistência humana, e a necessidade de superar e problematizar essa relação, incorporando paradigmas emergentes de educação ambiental.
Platão dizia que para ensinar precisamos de “Eros”, ou seja, de amor, amor pelo conhecimento, amor pela natureza, amor pelas pessoas. Se não há amor, não há ensino e nenhum resultado que o conhecimento nos proporcione é interessante. Precisamos de amor para ver o planeta terra como nossa casa. Temos aqui que nos reportar a Morin (2000), que nos diz que não há respostas prontas para esse enorme desafio epistemológico. Assim a reforma do conhecimento é um processo coletivo que necessita da cooperação de todos para preservar a saúde da terra em que habitamos.

BIBLIOGRAFIA

ALARCÃO, Isabel. Formação Reflexiva de Professores. Lisboa, Portugal: Editora Porto, 1998.

ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação. Rumo a sociedade aprendente. Rio de Janeiro: Editora Vozes,1998.

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MORIN, Edgar. Saberes Globais e Saberes Locais. O olhar transdisciplinar. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2000.

_____________ Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo; Editora Cortez, 2001.

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SEBARROJA, Jaume Carbonell (org) et al; Pedagogias do século XX. Porto Alegre: Editora Artmed, 2003.

NOTAS FINAIS


[i] Pedagoga, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação. Docente de cursos de Graduação e Pós-Graduação Lato Sensu da Fundação de Ensino Superior de Nova Mutum e da Faculdade de Sinop-FASIPE.

[ii] Administradora, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação. Docente de cursos de Graduação e Pós-Graduação da Faculdade La Salle e dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu da Fundação de Ensino Superior de Nova Mutum.

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